terça-feira, 22 de setembro de 2015

Cão sem rabo

As vezes andando por essas ruas de São Paulo nos deparamos com situações impressionantes, relatarei agora algo que vi e que me deixou pensando por muitos dias sobre o assunto.
     Um dia desses eu estava passando pela avenida Arlindo Cruz e vi um cachorro extremamente magro e quase sem pelos no corpo, vi que além de tudo abanava o cotoco para um mendigo, um senhor de meia idade que só tinha um dente e massa corrida no cabelo.                                         
    Lembro bem que este mendigo carregava em suas costas um cobertor marrom claro, estes típicos de mendigos da salsicha .Com um sorriso meio torto ele estava de olho em um pé de porco que estava embaixo das pernas torneadas do cachorro sem rabo, era muito evidente que o pobre homem sujo e descabelado tinha medo que o cachorro lhe mordesse e que lhe passasse hidrofobia, porém aquele pé lhe aparentava uma fonte rica em vitaminas e lhe transparecia suculência na certa.
    Parou por alguns instantes, coçou o boga, cheirou o dedo, cuspiu um ranho verde no chão, lambeu o canto esquerdo do beiço, bateu o pé com força e gritou:-passa desgraça.
   O cão achou graça e abaixou as patas dianteiras empinando o cóccix a riba, foi quando o morador de rua rapidamente se abaixou e com as pontas dos dedos pegou o pé suíno sujo, que tinha duas varejeiras em seu encalço, o faminto homem deu um sorriso donde lhe escapou uma baba e se pôs a chupar o pé, o cachorro calvo, muito do surpreso riu como se o mundo fosse se acabar ao ver o pobre homem chupando loucamente aquele pedaço de carne, chupava como uma rampeira de estrada chupa um caminhoneiro suado de calça jeans rasgada nos fundilhos.
   O homem irou-se, olhou fixo para o cão com ódio no olhar e com o resto de sua força levou o pé cascudo para trás e com uma fúria desgraçada chutou o rabo do pobre cão.
  O esquelético cachorro limpou a poeira de seu cotoco e com um olhar de desdém fixou os olhos aos do mendigo e numa voz de deboche disse:-chuta o cú da mãe.
  O homem caiu duro no chão, fedeu na hora, morreu, e eu, pobre de mim, faço tratamento até hoje.    

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